quinta-feira, 3 de maio de 2012

A era dos prosumers e o marketing no mercado imobiliário





Paulo Roberto chega em casa agitado para entrar em seu computador, lugar que ficará o restante do dia. Não que não estivesse conectado antes disso, seu celular com acesso a internet não realizou nenhuma ligação, mas foi muito utilizado para falar com seus amigos, acessar informações sobre uma dúvida que teve na faculdade, e jogar no intervalo entre uma aula e outra. Conectado no computador de sua casa, Paulo automaticamente entra nos comunicadores instantâneos MSN e Skype, acessa seu site de esportes favorito e confere a última contratação de seu time. Acessa seu Facebook e vê as últimas postagens de seus amigos. Enfurecido com a péssima experiência que teve com seu novo aparelho MP3, divulga o link do produto para sua rede informando o ocorrido. 12 amigos compartilham em menos de dois minutos. Não contente, ele posta sua reclamação no site reclameaqui.com.br, cria um blog para divulgar a reclamação, grava um vídeo informando os defeitos do produto, e o divulga em todas as 9 redes sociais que participa, isto sem contar os fóruns de tecnologia que é usuário ativo. 


Descobre através de um comentário de seu amigo no Twitter, que um grande acidente acaba de acontecer em sua cidade. Em busca de mais notícias, abre seu Facebook e procura no Google. Sua televisão está desligada, Paulo assiste em média 3 horas de televisão por semana, sempre com o computador em sua frente. Não lê jornal impresso, apenas o que lhe interessa nos sites de notícia, mas é leitor assíduo de livros com diversas temáticas. Adora música, mas não compra cds, nem costuma ouvir rádio, apenas online, cria sua próprias playlists e compartilha com seus amigos.


O cenário anterior é real, e existem milhares de Paulos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Este é o novo consumidor que não somente o segmento imobiliário mas todos os mercados já estão enfrentando. De receptor passivo, as pessoas se tornaram consumidores ativos, ou Prosumers, termo desenvolvido pelo visionário Alvin Tofler (1980) que indica a junção de producer (produtor) + consumer (consumidor). É o novo papel do consumidor na sociedade, um perfil exigente que influencia diretamente na concepção de produtos e na postura das empresas.Para o mercado imobiliário e suas ações de marketing, perfis como os de Paulo Roberto, que já possuem ou que muito em breve terão poder de compra para adquirir a casa própria, apresentam uma mudança drástica ainda não vista pelo setor, exigindo uma nova postura e uma nova visão de mundo para os profissionais e empresários.


Como chamar a atenção deste novo consumidor com as mesmas ações de divulgação de antigamente? Como utilizar técnicas de marketing massivas? Como usar apelos vazios, conceituando produtos com slogans utilizados por todas as empresas, como “seu sonho você realiza aqui” “viva com muito conforto” “more cercado de muita natureza” e que muitas vezes não passam de uma grande mentira? Como não se preocupar com as causas ambientais ? O novo consumidor valoriza a ética, exige a utilização de valores do passado atrelado aos avanços digitais do futuro. Deseja que as marcas que consome compartilhem estes valores, e que o ajude a expressá-lo plenamente.


A mudança já começou. E frente ao cenário atual fica nítido que enfrentaremos grandes desafios. As empresas imobiliárias precisarão abrir mão de suas características enraizadas em seu DNA, como o conservadorismo, e até mesmo a falta de ética e profissionalismo. Precisarão ser mais humanas e se importar de fato com seus clientes (todos eles). A vida perfeita, a família feliz, a exagerada facilidade de compra, o bairro mascarado com outro nome para valorizar ainda mais, enfim, o novo consumidor que enfrentaremos pela frente, exige que o conto de fadas apresentado pela publicidade imobiliária, finalmente saia do papel!


Por Mariana Ferronato

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